O texto de Lucas 9.28-45 relata a experiência de Jesus subindo o Monte da Transfiguração a fim de orar. Levou consigo Pedro, Tiago e João enquanto os outros discípulos ficaram no sopé do Monte. Tanto os discípulos que subiram o monte com Jesus quanto os que ficaram no vale não oraram. Os que subiram entregaram-se ao sono e os que ficaram no vale travaram uma infrutífera discussão com os escribas. Desse episódio extraímos dois tipos de espiritualidade, ambas fora de foco.
A espiritualidade do monte, o êxtase sem entendimento. Pedro, Tiago e João subiram o monte com Jesus, mas eles não oraram como Jesus nem com Jesus. Ao contrário, eles dormiram. Eles viram milagres extraordinários: Moisés e Elias glorificados, Jesus transfigurado em glória, uma nuvem luminosa e uma voz divina reafirmando a filiação de Jesus.
Eles pisaram o terreno do sobrenatural, mas estavam desprovidos de entendimento. Ao mesmo tempo que viam coisas maravilhosas, suas mentes estavam vazias de discernimento. Eles não discerniram a centralidade da pessoa de Jesus. Não discerniram a centralidade da missão de Jesus. Não discerniram a centralidade da missão deles mesmos. A ausência de oração roubou-lhes o discernimento e essa falta de discernimento os levou a ficar com medo de Deus, em vez de se deleitarem em Deus.
Há muitos que ainda hoje buscam as coisas sobrenaturais, mas estão sem percepção espiritual. Correm atrás de milagres, mas não discernem as verdades essenciais da fé cristã. Experimentam êxtases arrebatadores, mas não compreendem nem mesmo os fundamentos do cristianismo. Essa é uma espiritualidade fora de foco, deficiente, que produz sono e não intimidade com Deus.
A espiritualidade do vale, a discussão sem poder. Os nove discípulos que não subiram no monte também não oraram. Ao contrário, eles se envolveram numa discussão com os escribas (Marcos 9.14). Nesse mesmo episódio, um pai aflito, com um filho endemoninhado roga a esses discípulos para socorrer seu filho, mas os discípulos não puderam. Eles estavam desprovidos de poder. A espiritualidade deles era a espiritualidade da discussão sem poder. Em vez de orar e jejuar, eles discutiram. Em vez de fazer a obra de Deus, eles discutiram acerca da obra. Em vez de manterem-se fiéis à sua vocação, perderam o foco do ministério numa vã discussão com os opositores de Jesus. Enquanto aqueles discípulos estavam discutindo, o diabo estava agindo. Porque não oraram nem jejuaram estavam vazios de poder e porque estavam vazios de poder não puderam expelir a casta de demônios que atormentava o filho único daquele pai aflito.
Ainda hoje, corremos o risco de perder o foco do nosso ministério. Deus nos chamou para o buscarmos com todas as forças da nossa alma. Oração precede ação. Nossa maior prioridade não é fazer a obra de Deus, mas ter intimidade com o Deus da obra. Muitas vezes deixamos de orar e de trabalhar porque estamos envolvidos em discussões intermináveis e infrutíferas. Discutimos muito e trabalhamos pouco. Fazemos muito barulho com nossas palavras, mas produzimos pouco com as nossas mãos. Se o êxtase sem entendimento é uma espiritualidade fora de foco, o é de igual modo, a discussão sem poder.
Concluímos, dizendo que Jesus é o nosso modelo. Ele demonstrou três atitudes que corrigem o foco da espiritualidade. Sua espiritualidade foi evidenciada por oração, obediência e poder. Porque orou seu rosto transfigurou. Porque orou, desceu do monte determinado a cumprir o propósito do Pai, indo para a cruz como um rei caminha para a coroação. Porque orou estava cheio de poder para libertar o jovem possesso. É tempo de realinharmos nossa vida espiritual pelo foco de Jesus!
Para de debater e seja íntimo de Deus!